Este quadro faz-me sempre lembrar uma história que ouvi desde pequena: "No tempo em que os mouros dominavam a região, um grande senhor árabe recebeu como presente uma escrava que lhe chamou a atenção. Era uma menina loira, de faces brancas e olhos azuis muito claros. Tinha sido presa quando viajava com o pai que acabou por ser morto por guerreiros árabes. Questionada sobre a sua terra, ela afirmou ser originária de terras geladas e cobertas de neve. O seu nome era Gilda. Passou o tempo e a menina foi crescendo, vivendo sempre triste, embora gostasse do seu senhor. A sua beleza deixava fascinado o senhor Árabe e um dia este decidiu casar com ela e torná-la a primeira mulher entre todas as escravas e concubinas do seu harém. Preparou uma grande festa, com muitos convidados de países estrangeiros e cheia de divertimentos. Mas nada disto conseguiu alegrar Gilda e esta retirou-se para os seus aposentos, triste por saber que agora não mais podia voltar à sua terra natal. Os dias passaram e Gilda continuava nos seus aposentos, olhando o céu azul e sempre límpido. Os seus olhos iam esmorecendo a cada dia que passava. Vendo o seu sofrimento, o senhor árabe mandou anunciar pelo mundo que daria riquezas imensas a quem lhe salvasse a mulher, mas ninguém conseguiu curar aquela melancolia. Um dia apresentou-se no seu palácio um velho homem vindo do norte que dizia poder curar o mal de Gilda. Tinha sido seu aio quando ela era menina e depois de falar com Gilda durante algumas horas, falou com o senhor árabe e disse-lhe: - Senhor, o mal de vossa esposa é a saudade! - Saudade !..- respondeu o árabe - ... que é isso?! - Saudade, meu senhor, é uma coisa que se sente do que se ama e está ausente. É um mal que destrói a alma e corrói o corpo. Sim, meu senhor, ela tem saudades da neve que cobre de branco a nossa terra. Instado sobre a solução o velho mandou-o plantar por todo o Algarve, amendoeiras, centenas de amendoeiras. Assim, quando elas ficassem em flor, os caminhos e montes pareceriam cobertos de neve. Incrédulo, o árabe acabou por fazer o que lhe tinha sido indicado, pelo que foram plantadas milhares de amendoeiras por todo o Algarve. Gilda continuava melancólica, definhando e não saindo do seu leito. Mas um dia as amendoeira floriram e em frente ao palácio só se viam amendoeiras em flor, cobrindo os campos em redor com um imenso manto branco. Maravilhado com a paisagem, o árabe logo acorreu aos aposentos de Gilda conseguindo que ela olhasse pela janela para as amendoeiras em flor. Esta, durante algum tempo ficou a olhar, estática, sem conseguir falar. Depois murmurou: - É a neve! A neve da minha terra!! E a partir desse dia Gilda começou a recuperar da melancolia, tendo-se curado totalmente.
Ainda hoje, todos os anos quando vem a Primavera, o Algarve cobre-se de pequenas flores brancas, perpetuando o gesto de amor desesperado de um árabe de há longos séculos."
FOI UMA BOA ESCOLHA MICHA *** (gospotopo depe tipi)
2 comentários:
Este quadro faz-me sempre lembrar uma história que ouvi desde pequena: "No tempo em que os mouros dominavam a região, um grande senhor árabe recebeu como presente uma escrava que lhe chamou a atenção. Era uma menina loira, de faces brancas e olhos azuis muito claros. Tinha sido presa quando viajava com o pai que acabou por ser morto por guerreiros árabes. Questionada sobre a sua terra, ela afirmou ser originária de terras geladas e cobertas de neve. O seu nome era Gilda. Passou o tempo e a menina foi crescendo, vivendo sempre triste, embora gostasse do seu senhor. A sua beleza deixava fascinado o senhor Árabe e um dia este decidiu casar com ela e torná-la a primeira mulher entre todas as escravas e concubinas do seu harém.
Preparou uma grande festa, com muitos convidados de países estrangeiros e cheia de divertimentos. Mas nada disto conseguiu alegrar Gilda e esta retirou-se para os seus aposentos, triste por saber que agora não mais podia voltar à sua terra natal. Os dias passaram e Gilda continuava nos seus aposentos, olhando o céu azul e sempre límpido. Os seus olhos iam esmorecendo a cada dia que passava. Vendo o seu sofrimento, o senhor árabe mandou anunciar pelo mundo que daria riquezas imensas a quem lhe salvasse a mulher, mas ninguém conseguiu curar aquela melancolia. Um dia apresentou-se no seu palácio um velho homem vindo do norte que dizia poder curar o mal de Gilda. Tinha sido seu aio quando ela era menina e depois de falar com Gilda durante algumas horas, falou com o senhor árabe e disse-lhe:
- Senhor, o mal de vossa esposa é a saudade!
- Saudade !..- respondeu o árabe - ... que é isso?!
- Saudade, meu senhor, é uma coisa que se sente do que se ama e está ausente. É um mal que destrói a alma e corrói o corpo. Sim, meu senhor, ela tem saudades da neve que cobre de branco a nossa terra.
Instado sobre a solução o velho mandou-o plantar por todo o Algarve, amendoeiras, centenas de amendoeiras. Assim, quando elas ficassem em flor, os caminhos e montes pareceriam cobertos de neve. Incrédulo, o árabe acabou por fazer o que lhe tinha sido indicado, pelo que foram plantadas milhares de amendoeiras por todo o Algarve.
Gilda continuava melancólica, definhando e não saindo do seu leito.
Mas um dia as amendoeira floriram e em frente ao palácio só se viam amendoeiras em flor, cobrindo os campos em redor com um imenso manto branco. Maravilhado com a paisagem, o árabe logo acorreu aos aposentos de Gilda conseguindo que ela olhasse pela janela para as amendoeiras em flor. Esta, durante algum tempo ficou a olhar, estática, sem conseguir falar. Depois murmurou:
- É a neve! A neve da minha terra!!
E a partir desse dia Gilda começou a recuperar da melancolia, tendo-se curado totalmente.
Ainda hoje, todos os anos quando vem a Primavera, o Algarve cobre-se de pequenas flores brancas, perpetuando o gesto de amor desesperado de um árabe de há longos séculos."
FOI UMA BOA ESCOLHA MICHA
***
(gospotopo depe tipi)
tinhas que começar o teu blog com o van gogh e o raio dos traços dele!
estou a brincar, claro... não tenho nada contra o van gogh.
Enviar um comentário