terça-feira, novembro 28, 2006

Restolho

Geme o restolho triste e solitário
a embalar a noite escura e fria
e a perder-se no olhar da ventania
que canta ao tom do velho campanário

Geme o restolho preso de saudade
esquecido, enlouquecido, dominado
escondido entre as sombras do montado
sem forças e sem côr e sem vontade

Geme o restolho a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda
Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar pra aprender a viver

E a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim dia não
é feita em cada entrega alucinada
pra receber daquilo que aumenta o coração

Geme o restolho a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa é enorme, intensa, aguda

Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar pra aprender a viver

E a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim dia não
é feita em cada entrega alucinada
pra receber daquilo que aumenta o coração


Mafalda Veiga

Maximilian Kolbe


In July 1941, a man from Kolbe's bunker had vanished, prompting Karl Fritzsch, the Lagerführer, to pick 10 men from the same bunker to be starved to death in the notorious torture block, Block 11, in order to deter further escape attempts. (The man who had disappeared was later found drowned in the camp latrine). One of the selected men, Franciszek Gajowniczek, cried out, lamenting his family, and Kolbe volunteered to take his place.

After two weeks of starvation, only four of the ten men were still alive, including Kolbe. The cells were needed, and Kolbe and the other three were executed with an injection of carbolic acid in the left arm.

Sentimentos de um Ocidental

AO GÁS

E saio. A noite pesa, esmaga. Nos
Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.
Ó moles hospitais! Sai das embocaduras
Um sopro que arrepia os ombros quase nus.

Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso
Ver círios laterais, ver filas de capelas,
Com santos e fiéis, andores, ramos, velas,
Em uma catedral de um comprimento imenso.

As burguesinhas do Catolicismo
Resvalam pelo chão minado pelos canos;
E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,
As freiras que os jejuns matavam de histerismo.

Num cutileiro, de avental, ao torno,
Um forjador maneja um malho, rubramente;
E de uma padaria exala-se, inda quente,
Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.

E eu que medito um livro que exacerbe,
Quisera que o real e a análise mo dessem;
Casas de confecções e modas resplandecem;
Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.

Longas descidas! Não poder pintar
Com versos magistrais, salubres e sinceros,
A esguia difusão dos vossos reverberos,
E a vossa palidez romântica e lunar!

Que grande cobra, a lúbrica pessoa,
Que espartilhada escolhe uns xales com debuxo!
Sua excelência atrai, magnética, entre luxo,
Que ao longo dos balcões de mogno se amontoa.

E aquela velha, de bandós! Por vezes,
A sua traîne imita um leque antigo, aberto,
Nas barras verticais, a duas tintas. Perto,
Escarvam, à vitória, os seus mecklemburgueses.

Desdobram-se tecidos estrangeiros;
Plantas ornamentais secam nos mostradores;
Flocos de pós-de-arroz pairam sufocadores,
E em nuvens de cetins requebram-se os caixeiros.

Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes
Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco;
Da solidão regouga um cauteleiro rouco;
Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.

"Dó da miséria!... Compaixão de mim!..."
E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso,
Pede-me sempre esmola um homenzinho idoso,
Meu velho professor nas aulas de Latim!

Cesário Verde

segunda-feira, novembro 27, 2006

Gin Blossoms


Um albúm que um colega meu me emprestou, daqueles nas caixas de 5€ que se compra "pra arriscar", que ele não gostou, que me emprestou e nunca mais viu... Achei imensa piada ao facto de o CD trazer parte de uma corda de guitarra partida :) Não sei pq adoro as músicas, deixo aqui uma letra (que não tem muito a ver comigo :P)

Ive lost my mind on what Id find
And all of the pressure that I left behind
On allison road
Fools in the rain if the sun gets through
Fires in the heaven of the eyes I knew
On allison road
Dark clouds file in when the moon is near
Birds fly by a.m. in her bedroom stare
There was no tellin what I might find
I couldnt see I was lost at the time...
Yeah I didnt know I was lost at the time
On allison road
So she fills up her sails with my wasted breath
And each ones more wasted than the other you can bet
On allison road
Now I cant hide so why not drive
I know I want to love her but I cant decide
On allison road
I didnt know I was lost at the time
So I went looking for an exit sign
All I wanted to find tonight...

Gin Blossom in New Miserable Experience